A primeira edição da fio: Revista Digital sobre Fotografia e Contemporaneidade reflete sobre a vivência das camadas sociais da cidade de São Paulo em contraponto ao poder público absorto
Quem ou o quê se concentra nas arestas que formam os cantos da cidade de São Paulo? Por que o segregamento de camadas se faz tão presente em um município que se regozija como o centro econômico brasileiro? Quais são os outros ‘cantos’, que devem ser entoados, para que o frio, a fome, a morte e a violência não sejam os guias dos direitos garantidos constitucionalmente a cada um?
A primeira edição fio: Revista Digital sobre Fotografia e Contemporaneidade tem como objetivo garantir que o(a) leitor(a) se debruce por meio da fotografia e do fotojornalismo sobre como a invisibilidade de camadas sociais na cidade de São Paulo é um projeto que passa despercebido aos olhos durante a rotina.
O desvelar deste cenário se faz urgente, visto que a pandemia de Covid-19 adensou ainda mais o limiar existente entre a implementação de políticas públicas e a qualidade de vida de populações em situação de rua, de negros, de imigrantes, de indígenas e de LGBTQI+.
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O começo do fio_
De acordo com Censo da População de Rua, realizado pela prefeitura da cidade de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) em parceria com a empresa de levantamentos de gênero Qualitest Ciência e Tecnologia Ltda. em encomenda realizada pela prefeitura da capital paulista, a cidade de São Paulo concentra atualmente 31.884 pessoas em situação de rua. O número se eleva 7.540 de pessoas em comparação ao mesmo período em 2019.
A análise revelou que, no ano de 2021, o grupo registrado nas ruas da capital somou mais 7.540 de pessoas em comparação ao mesmo período em 2019. O levantamento foi realizado entre outubro e dezembro de 2021. De acordo com o censo, 8.927 indivíduos nesta situação são acompanhados por pelo menos um familiar. Esse número é seguido pelo aumento da procura das ruas em comparação a abrigos. O percentual de pessoas em situação de rua, quando comparado a 2019 no mesmo período, cresceu de 52% a 60%.
Um dos aumentos demonstrados pela pesquisa foi no número de barracas de camping e de barracos de madeira como moradia improvisada. A porcentagem para essa expansão foi de 230%. Em 2021, foram localizados 6.778 pontos de vizinhança. A justificativa para esse modelo de habitação é a busca pela privacidade nas ruas.
O perfil masculino e cisgênero se destaca como o mais afetado pela falta de um lar. Ao todo foram 80,1% dos entrevistados que se identificaram nesta camada contra 16,9%, que se apresentaram como mulher cisgênero.
De acordo com a análise, calcula-se que cerca de 70,8% da população é negra, sendo 47,1% pardos e 23,7% pretos. A quantidade de brancos nesta mesma condição foi de 25,8%. Em relação à faixa etária, o censo demonstrou que o grupo que compreende entre 31 e 49 anos é majoritário, totalizando 49,4% do total de recenseados.
O material tem como intuito garantir que o Comitê de Políticas para a População em Situação de Rua seja equipado com dados para a elaboração do Plano Municipal de Políticas para a População em Situação de Rua.
Na sequência que de imagens que constitui o começo deste fio, é possível observar uma família que foi aconselhada a se retirar da estação de metrô Brigadeiro devido aos pedidos por auxílios financeiros. A sonoridade da frase "No metrô, pedir esmolas e o comércio ambulante são ilegais. Não incentive essas práticas!" ressoou de maneira mais severa, como um dos diversos cantos graves desta cidade.
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O fio_ continua